
ESTADO CIVIL

GANGORRA
CLUBE DO ROCK
Quando tirei a minha carteira de genuíno roqueiro, eu tive que passar por uma sabatina de mais de duas horas, na qual os meus conhecimentos sobre o Rock’ n Roll foram testados à exaustão. Perguntaram-me a respeito dos integrantes das bandas, das capas dos discos, dos solos de guitarra e de bateria e quem eram seus executores. Depois de todo esse questionário, eu fui finalmente aprovado:
-Parabéns, Pompa – Disse o diretor do Clube dos Roqueiros. Agora você tem a carteira do nosso clube.
-Obrigado.
-E não se esqueça: fora do Rock não há salvação.
-Fora do Rock não há salvação, repeti.
Porém, no terceiro ou quarto encontro do Clube dos Roqueiros, um amigo me puxou num canto e me disse:
-Eu fui num evento chamado Micarê e beijei várias mulheres, Pompa.
-O que é isso?
-É Axé Music. Vamos comigo da próxima vez?
-Fora do Rock não há salvação, falei.
-Você gosta de mulher, Pompa?
-Eu adoro.
-Então você vai comigo. Pode ter certeza disso.
Alguns meses depois, eu estava rebolando atrás de um trio elétrico:
“Vai sacudir/vai abalar/quando o meu amor passar/explode coração/é muita emoção no ar”*.
Depois da Micarê, houve uma reunião do Clube dos Roqueiros:
-Estamos aqui reunidos em prol da nossa causa, disse o presidente. Fora do Rock não há salvação!
E todos repetiram:
-Fora do Rock não há salvação!
-Porém, há um Judas entre nós.
Certa agitação tomou conta do ambiente e eu tentei sair de fininho, mas não colou.
-Eu vou deixar o microfone em aberto caso esse cidadão queira se pronunciar, completou o presidente.
Eu fui andando até o microfone lembrando o tanto que tinha sido prazeroso participar daquela Micarê. Eu havia pulado, dançado e beijado como nunca. Daí eu disse:
-O Rock é a trilha sonora da minha vida, mas o amor é o perfume da alma.
Alguns roqueiros riram, outros vaiaram.
*Vai Sacudir, Vai Abalar. Banda Cheiro de Amor. Composição de Paulo Jorge e Pierre Onassis.

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